domingo, 3 de agosto de 2014

O que é o Diagnóstico Psicopedagógico?

O diagnóstico psicopedagógico é, sem dúvida o ponto de partida para uma tentativa de compreensão das dificuldades de aprendizagem.
A tarefa diagnóstica, tanto em nível institucional quanto clínico, é, indispensável ao psicopedagogo, pois o auxiliará na tomada de decisões. Constitui, na verdade, um processo, um contínuo sempre revisável, pois a investigação das causas das dificuldades prossegue durante todo o trabalho de intervenção.
A realização do diagnóstico varia entre os profissionais, dependendo da postura teórica da cada um.
Para a realização do diagnóstico psicopedagógico o profissional, de um modo geral, desenvolve as seguintes atividades:
- anamnese( reconstrução da história de vida da criança);
- análise do material escolar desde a pré- escola;
- contato com a escola( direto ou através de questionário);
- observação do desempenho em situação de aprendizagem;
- aplicação de testes psicopedagógicos específicos;
- solicitação de exames complementares( psicológicos, neurológicos, oftalmológico, audiométrico, etc.) dependendo do caso.
O conhecimento da etiologia é fundamental, não somente para  determinação de prioridades de tratamento e para a escolha de metodologias específicas, mas, especialmente, para o planejamento de soluções preventivas e/ou de caráter social mais amplo.( Kiguel,1990). By Lully.
fonte:http://aprendizagemafetiva.blogspot.com.br/2012/10/o-diagnostico-psicopedagogico.html


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Diagnóstico Psicopedagógico Clínico




Michele May¹

O diagnóstico psicopedagógico busca identificar as causas do sintoma da não-aprendizagem e seu significado; reconstruir a história pessoal do sujeito, identificando possíveis fraturas do desenvolvimento; identifica a modalidade de aprendizagem do sujeito nos níveis epistêmico e do desejo; realiza o diagnóstico operatório e representações conceituais através do jogo e da representação simbólica.
O diagnóstico contempla as seguintes fases: motivo da consulta (enquadre com a família); enquadre com o paciente e sessão lúdica; hora do jogo; história vital; visita à escola para entrevista com a professora; provas projetivas de Jorge Visca, provas operatórias de Jean Piaget, avaliação corporal, jogo; avaliação da lecto-escrita e  avaliação matemática (intercalando as sessões e fazendo uso de diferentes instrumentos); devolução para o paciente; devolução para a família; devolução para a escola. Lembro que não existe uma sequência fixa para os passos do diagnóstico, tudo vai depender do vínculo e das necessidades do paciente. Entretanto, é importante lembrar que deve-se analisar os dados coletados e considerá-los sempre contextualizados, nunca de maneira isolada.
Após a conclusão do diagnóstico psicopedagógico, é criado o plano de intervenção, que é a organização da ação e de um espaço que favoreça a reconstrução dos aspectos cognitivos do sujeito e de seu vínculo com a aprendizagem, através da brincadeira, do jogo, do desenho e da busca prazerosa pelo aprender.

REFERÊNCIAS E SUGESTÕES:
FERNÁNDEZ, Alicia. A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1991.
__________________. Os idiomas do aprendente: análise das modalidades ensinantes com famílias, escolas e meios de comunicação. Porto Alegre, RS: Artmed, 2001.
PAÍN, Sara. A Funçao da ignorância. Porto Alegre, RS: Artes Médicas, 1991.
_________. Subjetividade e objetividade: relações entre desejo e conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009
WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget: fundamentos do construtivismo. 5. ed., rev. São Paulo, SP: Pioneira, 2000.
  

PRIMEIRA SESSÃO DIAGNÓSTICA
Autora: Ana Michelle da R.C. Moura

O primeiro encontro sempre gera ansiedade em ambas as partes, terapeuta e paciente (família). A definição da forma da primeira entrevista vai depender do primeiro contato com a queixa que geralmente é feita por telefone.
A primeira entrevista deves ser feita com os pais caso o paciente:
« Já teve ou tem tratamento com outros profissionais como psicólogo, neurologista, fonoaudiólogo, psiquiatra, etc.
« Quando há duvida sobre diagnóstico anterior;
« Quando há discordância entre pais e escolas;
« Quando pais separados estão em atrito;
« Desvio muito grande entre idade cronológica e idade escolar;
Entrevista Familiar Exploratória Situacional – EFES é uma entrevista realizada com a criança e a família pode ser realizada primeiramente objetivando compreender:
« A queixa nas dimensões familiares;
« As relações e expectativas familiares com relação à aprendizagem e terapeuta;
« A aceitação e engajamento da família no diagnóstico;
« Realização do contrato;
« Esclarecer o que é um diagnóstico psicopedagógico;
« Criação de um clima de segurança.
É muito importante o registro fiel dessa entrevista, pois ao longo do processo diagnóstico fatos omitidos ou esquecidos podem ser acrescentados posteriormente o que modificara também a construção de hipóteses que variam ao longo do processo diagnóstico. Os dados colhidos na EFES devem ser comparados com os materiais colhidos durante o diagnóstico.
A presença doa pais na primeira entrevista juntamente com a criança somado a um ambiente atrativo (lúdico) facilitará o retorno da criança ao terapeuta contribuindo para que ela fique a sós com o mesmo.
É importante que a primeira entrevista com adolescente eja junto com os pais pois isso permitirá que o mesmo exponha sua dificuldade em nível de igualdade com os pais e terapeuta. A presença do terapeuta possibilita autonomia ao adolescente. Em alguns casos não se torna necessário dar continuidade ao diagnóstico, pois nessa entrevista pais e adolescente entram em consenso para a solução da queixa.
A EFES e desnecessária em alguns casos quando o paciente que procura o atendimento é um adolescente ou adulto. Com adolescentes, após a conversa inicial o terapeuta deve lançar desafios se ele não se dispuser a conversar espontaneamente, mas se o paciente é colaborador deixa em aberto algumas atividades com a utilização de jogos, sem forçar a sua participação. Nunca se deve propor problemas matemáticos o tarefas escolares, pois o que levou o paciente procurar a terapia foi uma dificuldade escolar e ele não vai querer deixar evidente o seu “ponto fraco”.

Outro tipo de entrevista que pode ser utilizada na primeira sessão diagnóstica é a Entrevista Centrada na Aprendizagem – EOCA. As propostas da EOCA variam de acordo com a idade e escolaridade do paciente. Os materiais utilizados para criança são: folhas de papel tipo oficio, papel paltado, folhas coloridas, lápis preto novo sem ponta, apontador, borracha, régua, caneta esferográfica, tesoura, cola, pedaços de papel lustroso, livros, revistas.


Deve-se deixar a criança produzir livremente durante essa sessão. É necessário observar três aspectos: a temática, a dinâmica e o produto feito pelo paciente, e partindo dessas observações constrói-se o primeiro sistema de hipóteses para continuar o diagnostico.
Para o adolescente a cessão é semelhante a da situação anterior, basta somente adequar às atividades ao nível de desenvolvimento cognitivo formal.
Além da EFES e EOCA existem outras opções para a realização da primeira sessão diagnóstica podemos citar:
« Entrevistas de motivo de consulta
« Entrevista de anamnese
« Entrevista Familiar DIFAJ (Alicia Fernandez)

O importante é obter informações que auxiliem na compreensão do paciente cógnita, afetivo-social, e pedagogicamente. Para a construção de hipóteses que nortearão a seqüência diagnostica e as instrumentos a serem usados.

REFERÊCIA:
WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia Clínica – Uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 13 ed. Ver. E aml: RJ Lamparina.2003.



A HORA DO JOGO DIAGNÓSTICA
A hora do jogo diagnóstica é um instrumento utilizado no processo psicodiagnóstico que objetiva conhecer a realidade do paciente quando este é uma criança. Pois a atividade lúdica é para a criança um meio de comunicação semelhante à expressão verbal nos adultos.
Existe uma diferença entre a hora do jogo diagnóstica e a hora do jogo terapêutica. A diagnóstica tem começo, desenvolvimento e fim em si mesmo, objetivando conhecer o problema e suas possíveis causas. A terapêutica é contínua e existem modificações estruturais advindas da intervenção do terapeuta.
A hora do jogo diagnóstica é precedida das entrevistas realizadas com os pais e no primeiro contato com a criança e preciso dar instruções da sessão de forma clara.
Cada hora do jogo diagnóstica é uma experiência nova que deve ser realizado em um ambiente espaçoso, que possibilite uma boa movimentação, deve ter pouca mobília e de preferência com piso e paredes laváveis. Deve ser permitida a brincadeira com água e materiais diversos. Esses materias podem estar em cima de uma mesa e parte dentro de uma caixa aberta, não devem estar organizados em agrupamentos de classes. Os brinquedos não devem ser escolhidos aleatoriamente, mas em função das respostas específicas que provocam. Outro ponto importante é a quantidade que não deve ser exagerada.
Os materiais devem ser de qualidade para evitar estragos. Deve se evitar também os que possam colocar em risco a integridade física do psicólogo e paciente.
Quando a criança entra no consultório deve ser instruída de forma clara a respeito dos papeis, do tempo, do material que pode ser usado e sobre os objetivos esperados.
O psicólogo deve desempenhar um papel passivo. Caso a criança solicite a sua participação ele deve desempenhar um papel complementar. É importante o estabelecimento de limites caso o paciente fuja as instruções dadas ou se coloque em perigo.
O psicopedagogo deve proporcionar condições para que a criança brinque da forma mais espontânea possível. O objetivo é observar, compreendendo e cooperando com a criança.
Para a análise da hora do jogo diagnóstica não existe uma padronização, mas pautas oferecidas com critérios sistematizados e coerentes que orientam a análise. Devem-se considerar os indicadores mais importantes para o diagnóstico e prognóstico, por exemplo:
  1. Escolha de brinquedos e de brincadeiras: O tipo de brinquedo escolhido, o tipo de jogo, se tem começo, meio e fim, se é organizado e coerente e se corresponde ao estágio de desenvolvimento cognitivo em que a criança se encontra.
  2. Modalidade das brincadeiras: cada sujeito organiza a sua maneira de brincar de acordo com a modalidade que o seu ego escolhe para essa manifestação simbólica. Destaca-se entre as modalidades de brincadeiras a plasticidade, rigidez e estereotipia e perseverança.
  3. Personificação: é a capacidade que a criança tem de assumir e atribuir papeis de forma dramática. Essa capacidade deve ser analisada levando em consideração a forma de personificação própria a cada estágio de desenvolvimento cognitivo, lembrando que a passagem de um período para o outro não se realiza de forma linear nem brusca, mas com sucessivas progressões e regressões.
  4. Motricidade: observa-se a adequação motora da criança na etapa de evolução que atravessa focando nos indicadores de deslocamento geográfico, possibilidade de encaixe, preensão e manejo, alternância de membros, lateralidade, movimentos voluntários e involuntários, movimentos bizarros, ritmo de movimento, hipersinesia, hipocinesia e ductibilidade.
  5. Criatividade: Observar a capacidade de unir ou relacionar elementos em um novo e diferente.
  6. Tolerância à frustração. Como a criança reage em tolerar ou se frustrar em determinados momentos.
  7. Capacidade simbólica: podemos avaliar a riqueza expressiva, a capacidade intelectual e a qualidade do conflito.
  8. Adequação a realidade: devemos observar como a criança age em ter que se desprender da mãe. Se age de acordo com sua idade, como compreende e aceita as instruções. Deve-se observar a aceitação ou não do enquadramento espaço-temporal e a possibilidade de se colocar em seu papel e aceitar o papel do outro.
O brincar da criança psicótica A criança necessita de adequação a realidade por falta de discernimento da realidade como se apresenta. Escolhe os brinquedos e brincadeiras com base em sua estrutura psicótica. No psicótico, significante e significado são a mesma coisa, sua brincadeiras são estereotipadas ou rígidas. Possui movimentos bizarros e desrelacionadas ao contexto. Não existe capacidade de imaginação, mas fantasias. Os seus personagens são cruéis e com grande carga de onipotência e sua tolerância à frustração é mínima.

O brincar da criança neurótica A criança neurótica tem uma adequação parcial à realidade e escolhe seus brinquedos e brincadeiras pela sua área de conflito. A capacidade de criatividade é diminuída dependendo do seu grau de síntese egoítica, brinca com personagens mais próximos a realidade, mas com rigidez na atribuição de papeis sua modalidade de brincadeira se alterna em função das defesas do ego predominantes. Sua motricidade é variável.

O brincar da criança normal A criança normal tem uma boa capacidade de se adaptar a realidade e escolhe suas brincadeiras de acordo com as funções e interesses de sua idade, expressa suas fantasias através de uma atividade simbólica com maior riqueza. Possui uma motricidade adequada ao seu desenvolvimento cognitivo. A criança dá livre curso à fantasia, atribuindo e assumindo diferentes papeis na situação de vínculo com o psicólogo aumentando assim a capacidade de comunicação.

Referência:

SIQUEIRA, de Ocampo Maria Luísa (orgs) “Processo psicodiagnóstico e as técnicas projetivas”. 9ª Ed. São Paulo. Martins Fontes. 1999(Psicologia e Pedagogia)


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