domingo, 24 de agosto de 2014

OS 7 NÃO-NÃO’S DO JOINING (UNIR-SE) QUE VOCÊ PROVAVELMENTE ESTÁ A FAZER


Por Raun K. Kaufman

Unir-se é uma das principais técnicas do The Son-Rise Program®. É a primeira coisa que fazemos e é absolutamente essencial para a construção de confiança e equilíbrio. Quando nos unimos às nossas crianças, participamos no ismo (“esterotipia”) delas com profundo interesse e aceitação – sem tentar mudá-lo ou reorientá-lo. Toda a aprendizagem e interação assentam na plataforma da relação que é construida com o seu filho através do joining. É por isso que fazer o joining corretamente é tão importante. Tenho visto muita, muita, gente unir-se e nunca deixei de me sentir tocado quando vejo alguém a unir-se ao seu filho com amor e sinceridade. Contudo, também vejo um numero significativo de pessoas que, provavelmente sem se aperceberem, fazem coisas durante o joining que minam completamente a sua eficácia.A seguir estão aqueles que eu considero serem os primeiros sete Não-Não’s do Joining. Há uma boa hipótese de que você tenha feito alguma destas coisas, mas, ei!: não faz mal! Não está sozinho! A maior parte das pessoas com quem tenho trabalhado – pessoas que adoram os filhos e que se estão a diferenciar da multidão fazendo o The Son-Rise Program® - fizeram pelo menos uma destas coisas (normalmente mais do que uma). Portanto, eu suplico-vos que leiam estes sete não-não’s com um sentido de auto-aceitação, calma, curiosidade e – sim – humor.

1. OLHAR FIXAMENTE. Muita gente passa o tempo a olhar para o filho enquanto se une a ele. O problema é que isso não é joining. Isso é observar e o seu filho pode facilmente perceber a diferença. Quando você vê um filme com alguém e o outro está a olhar para si o tempo todo, não parece que estejam a ver o filme juntos, parece? Portanto, assim que começar a fazer o joining, em vez de olhar fixamente para o seu filho, olhe fixamente para o que está a fazer. Em vez de olhar para o seu filho a cada dois segundos, deixe-se envolver profundamente pelo que você está a fazer. Lembre-se, você não está a tentar provar que pode imitar, está a deixar-se envolver na atividade que o seu filho adora. Está a construir uma ligação em torno de um interesse comum – a palavra em causa é comum.

2. NÃO SAIR DE CIMA. Vejo muita gente que não sai de cima quando faz joining. Ficam perto demais e o filho na verdade a única coisa que quer é espaço para respirar! Quando se une não tem que estar colado ao seu filho. Lembre-se de que parte da razão pela qual o seu filho “isma” antes de qualquer outra coisa, é para se isolar de quem quer que esteja em cima dele! Você quer dar espaço ao seu filho. Se ele estiver sentado, então, faça favor, mas não se sente a um centímetro dele. Se o seu filho está de pé ou a andar de um lado para o outro, então ponha-se de pé e ande de um lado para o outro, mas não em cima dele.

3. ROUBAR. Ei, não tire as coisas do seu filho. (Eu sei que as coisas do seu filho são espetaculares, mas tente resistir!) Se o seu filho estiver a alinhar carrinhos verdes, então faça o que fizer, não lhe tire os carrinhos verdes dele/a para os começar a alinhar. Sim, é isso mesmo, tem que usar os rejeitados. Se o seu filho gosta de usar carros verdes brilhantes e não se interessa pelos carros amarelos velhos, meio partidos, esses carros amarelos são todos para si, meu amigo! Use o mesmo tipo de artigo que o seu filho está a usar, mas não aqueles que ele está efetivamente a usar.

4. NARRAÇÃO. Muitos de vós acham que são comentadores desportivos. À medida que o vosso filho, por exemplo, empilha cubos, vocês vão narrando cada um dos movimentos dele/dela. “Oh, agora tens o cubo verde. Oh, isso é giro, como tu o pões em cima do encarnado. Aqui vem o cubo azul!”. Acreditem-me, eu não ponho em causa as vossas qualidades narrativas. Tenho a certeza que são fabulosas. Mas, quando se unem, não é altura de as pôr em evidência. Se se estão a unir e o vosso filho não está a falar, não falem. Dediquem-se à atividade que estão a fazer em vez do que quer que seja para tentarem interagir com o vosso filho. O que nos traz ao próximo não-não.

5. BATOTA. O que quer que faça, quando estiver a fazer joining, não tente alterar o comportamento do seu filho. Este é o maior erro que as pessoas cometem e é um erro que é muito prejudicial ao princípio do joining. O seu filho não é nenhum boneco. Se tentar usar o joining como forma de conseguir que o seu filho mude, altere ou pare o seu comportamento, ele/ela vai imediatamente percebê-lo e você terá torpedeado toda a técnica de joining. Isto significa não dizer: “Ei, amigo, olha para mim!”, não tentar que o seu filho pegue no seu carrinho e faça corridas consigo, não utilizar artifícios na tentativa de conseguir a sua atenção. O que é mais fantástico sobre o joining é resultar em interação iniciada pela criança. Uma das características principais do autismo é a falta de interação social iniciada ou desejada pela criança. Um dos fatores que tornam o The Son-Rise Program® ímpar, é o facto de se focar no desenvolvimento, no interior de cada criança, da capacidade de iniciar uma interação social. Queremos entrar no mundo da criança, esperar que ela inicie voluntariamente uma interação e então (somente então) usar essa interação para a convidar a ir mais longe e a comunicar mais. Queremos as nossas crianças do nosso lado. A única forma de conseguir isto é unindo-nos a elas no seu mundo até que elas se unam a nós no nosso. Isto não pode ser forçado. Unirmo-nos não é um truque que usamos para dissimuladamente levarmos o nosso filho para uma atividade diferente ou a ter um comportamento diferente. Joining é a forma pela qual nós permitimos ao nosso filho criar um laço connosco.

6. CALENDARIZAÇÃO. Nos últimos anos, alguns métodos de tratamento do autismo têm procurado adotar aspetos do The Son-Rise Program fazendo o que eles acham que é o joining como forma de criar interação. Por exemplo, põem de lado 15 minutos de cada sessão para se “unirem” à criança. (A duração é decidida pelo terapeuta, claro, não a criança). O problema é que estas metodologias ainda acabam por não apanhar o barco por tentarem adotar o joining sem o compreenderem. Unir-se corretamente significa unir-se até que o seu filho pare de fazer o ismo de que gosta e olhe para si ou se aproxime de si de alguma forma. Não significa que pomos de lado quinze minutos para nos unirmos, após os quais a criança tem que fazer o que nós dizemos. A duração do joining é determinada pela criança. Não por si. É essa a chave.

7. COPIAR. Este último não-não é para todos vós que têm uma criança ou um adulto que tem o Síndrome de Asperger ou que é altamente verbal. Muitos destes miúdos/adultos não têm ismos na forma clássica tais como sacudir as mãos, repetir sons, rasgar papel, etc. Quando eles ismam, falam do seu assunto preferido, em profundidade e durante muito tempo seguido. As pessoas por vezes unem-se a estas atividades ou repetindo de volta tudo o que a criança diz (ou seja, “copiando”) ou falando (muitas vezes por cima da criança) sobre o assunto da criança. Isto muitas vezes será, digamos, menos que emocionante para o seu filho. Em vez disso, ouça com grande interesse e entusiasmo. Unir-se, no seu cerne, não é copiar, imitar ou espelhar. É criar uma relação, um laço de confiança, um equilíbrio meigo, baseados em mergulhar no mundo do seu filho, amando o que ele ama, explorando o que ele explora, estimando o que ele estima. É uma forma de mostrar o seu profundo amor pelo seu filho dizendo (através da ação): “Amo-te; e porque te amo, amo o que tu amas”.

Uma nota importante. Tenho alguns pais e profissionais a dizerem-me (não muitos) que tentaram unir-se e que não funciona porque a criança lhes diz sempre para pararem. Isto acontece quase sempre quando as pessoas que estão a fazer o joining fazem um ou mais dos não-não’s. Portanto, é claro, a criança, que não quer que interfiram com ela nem ser manipulada, quer que parem com isso. Se o seu filho efetivamente o mandar parar, a primeira coisa a fazer é parar. Depois dê-lhe algum tempo e tente voltar a unir-se estando muito mais longe – garanta que não está a fazer nenhum dos não-não’s.

Eu sei que ama o seu filho. Eu sei que quer tanto criar a relação mais ponderosa, amorosa, estreita possivel com o seu filho. Isso é lindíssimo. É encantador. É profundamente significativo. Unir-se é a sua única forma de fazê-lo. Use-a. Tire o máximo proveito desse amor incondicional e sem limites que tem pelo seu filho.

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