domingo, 30 de novembro de 2014

Passividade, excesso de sono e baixo contato social são alguns dos sintomas que podem ser sinais de desenvolvimento do transtorno. Descoberta precoce permite tratamento e melhora vida das crianças
Maria Clara Nassif apresenta pesquisa que encontrou método para detectar autismo ainda na primeira infância Foto: Edilson Rodrigues
A detecção e o tratamento precoce de uma criança com o transtorno do espectro autista farão uma enorme diferença na qualidade de vida dela. Essa é a abordagem das pesquisas apresentadas ontem pela psicóloga brasileira Maria Clara Nassif e pela neuropsicóloga francesa Bernadette Rogé durante a 7ª Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, promovida pelo Senado.
Maria Clara Nassif desenvolveu um método com técnicas terapêuticas e sociais voltadas para crianças com o transtorno autista a partir da observação de traços comportamentais atípicos durante a primeira infância — como passividade, excesso de sono e baixo contato social.
O objetivo do método, denominado de Programa de Acompanhamento Intensivo e Sistemático aos Pais (Pais), é buscar o estímulo da linguagem e a interação com parentes, profissionais e demais crianças, com resultados positivos baseados em interações com o Centro ­Pró-Autista Social, em São Paulo.
— Nós não podemos ter medo do autismo e não devemos entendê-lo como doença — afirmou.
De acordo com a psicóloga brasileira, ainda há falta de rigor metodológico na abordagem dessa questão no Brasil e preconceito por parte de diversos profissionais da área médica. Ela recomendou a adoção do método Pais como instrumento de política pública.
Tratamento
O procedimento também foi elogiado pela neuropsicóloga Bernadette Rogé. A profissional francesa considera necessário alertar a quem atua na área médica para a importância de um olhar cuidadoso às primeiras manifestações do transtorno em uma criança.
Isso porque, explicou ela, a tendência ao autismo já pode ser detectada a partir dos 6 meses de idade. Com a descoberta precoce, o tratamento terá um grande impacto na qualidade de vida da criança e também para os pais. Segundo Bernadette, mesmo na França não é incomum encontrar pediatras ou outros profissionais da área médica que têm receio de abordar a questão com os pais, a partir da percepção de alguns traços de comportamento da criança que podem indicar a tendência ao transtorno.
Primeira infância
O Senado realiza a Semana de Valorização da Primeira Infância e Cultura da Paz, pelo sétimo ano consecutivo, reunindo especialistas de diversos estados e de outros países para divulgar e discutir estudos e projetos desenvolvidos no Brasil e no mundo.
Este ano, o tema central são as neurociências e as ações na área de educação: como evoluem, que desafios encontram — tais como autismo e TDA-H —, as últimas descobertas e perspectivas.
As atividades, iniciadas na segunda-feira com palestras e conferências em Brasília, prosseguem hoje em Niterói (RJ), no Auditório Florestan Fernandes da Universidade Federal Fluminense, co-realizadora do evento. Estão previstos mais três painéis de debates.
Mais informações no site do evento: http://bit.ly/infanciapaz
Jornal do Senado
(Reprodução autorizada mediante citação do Jornal do Senado)

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