Algumas questões sobre o autismo
Alunas autoras: Bruna Eliza, Cinthia Loyola e Priscila Fernandes
O que é o autismo?
É um transtorno global no desenvolvimento (TGD), caracterizado por prejuízos qualitativos nas habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades. Vem sendo estudado pela ciência a cerca de seis décadas, mas ainda apresenta muitas divergências e perguntas sem respostas claras. Tem origem na infância e persiste ao longo de toda a vida, aparece nos três primeiros anos de vida, acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. Apesar de ser um distúrbio do desenvolvimento recorrente, o autismo ainda é visto com surpresa. Talvez isso aconteça por apresentar uma infinidade de características peculiares e também pelo fato de que a criança autista apresenta uma aparência física totalmente normal.
Quais as características e sintomas mais comuns que identificam a síndrome do autismo?
Segundo a ASA - American Society for Autism (Associação Americana de Autismo), a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade de mais severo a mais brando, não sendo obrigatório que a criança apresente necessariamente todas essas características e sintomas.
1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças;
2. Riso inapropriado;
3. Pouco ou nenhum contato visual;
4. Não quer ser tocado;
5. Isolamento, modos arredios;
6. Gira objetos;
7. Cheira ou lambe os brinquedos, inapropriada fixação em objetos;
8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
10. Aparente insensibilidade à dor;
11. Acessos de raiva - demonstram extrema aflição sem razão aparente;
12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares);
13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
15. Age como se estivesse surdo;
16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras;
17. Não tem real noção do perigo;
18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos;
Que aspectos especificamente são comprometidos em uma criança autista?
O autismo se configura em uma síndrome que compromete três fatores extremamente necessários ao desenvolvimento humano acarretando, assim, desvios qualitativos na comunicação – é possível encontrar crianças que não desenvolvem a linguagem verbal ou que têm dificuldades em qualquer outra forma de comunicação (expressão facial e gesticulação), e a própria linguagem verbal por vezes é repetitiva e não comunicativa; na sociabilização – dificuldade de compartilhar gostos, emoções e sentimentos, e de distinguir as pessoas; e na imaginação – apresentam pensamento, linguagem e comportamento rígidos e inflexíveis, dificuldades de aceitar mudanças (por mais simples que elas possam parecer) e, também, dificuldade nos processos criativos.
De que maneira a educação pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo e social da criança autista?
A educação é um dos melhores recursos que pode auxiliar no desenvolvimento de uma criança autista. Na instituição educacional essa criança terá profissionais e abordagens específicas voltados para suas necessidades. O estímulo ao desenvolvimento cognitivo se dá a partir da realização de atividades baseadas em métodos de educação especializados para autistas, onde é realizada primeiramente uma avaliação para se definir os objetivos de acordo com as áreas de aprendizado. Sem contar com o fato de que o ambiente escolar proporciona o contato com outras pessoas, autista ou não, estimulando o desenvolvimento de sua capacidade de sociabilização.
De que maneira é realizada a abordagem escolar com essas crianças?
Atualmente, o enfoque das abordagens escolares é fazer com que essas crianças aprendam conceitos básicos da vida em sociedade a fim de proporcionar seu melhor funcionamento no meio social. As escolas, atualmente, priorizam o tratamento individualizado para cada criança. Dentre os modelos educacionais o mais importante, neste momento, é o método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication Handicapped CHildren), desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte na década de sessenta e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
Propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e a faixa etária do paciente;
Funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
Independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior autonomia possível);
Integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades da criança.
Como é obtido o diagnóstico de autismo?
Um diagnóstico preciso só pode ser dado por profissionais qualificados, e deve ser baseado no comportamento, anamnese (levantamento detalhado dos dados fisiológicos e patológicos pregressos do doente e seus familiares) e observação clínica do paciente. O diagnóstico é clínico e não pode ser obtido somente com a realização de testes ou escalas de avaliação. Os sistemas de avaliação mais utilizados para realizar o diagnóstico são o DSM-IV-TR e CID-10. Avaliações de ordem psicológica, fonoaudiológica e pedagógica são importantes para uma avaliação global do paciente.
Que tipo de tratamento é realizado com autistas? Ele dever ser exclusivamente médico e à base de medicamentos?
O que se propõe é que seja feito um tratamento composto por uma equipe multi- e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia, psiquiatria e odontologia) e tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico. A farmacoterapia (através da utilização de neurolépticos, anfetaminas, anti-opióides, complexos vitamínicos associados ao Aspartato de Magnésio e o uso de ácido Fólico) continua sendo componente importante em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos necessitarão utilizar medicamento.
Considerações
O que nós buscamos com o nosso trabalho foi esclarecer as questões mais básicas de ordem conceitual, educacional e clínica em relação ao autismo de uma maneira simples e objetiva. Perceber que há tratamento e acreditar no potencial de uma criança autista é permitir que ela tenha oportunidade de crescer como qualquer outra criança. Com amor, paciência e determinação, tudo é possível! Esperamos que tenham gostado.
O que é o autismo?
É um transtorno global no desenvolvimento (TGD), caracterizado por prejuízos qualitativos nas habilidades de interação social recíproca, habilidades de comunicação ou presença de estereotipias de comportamento, interesses e atividades. Vem sendo estudado pela ciência a cerca de seis décadas, mas ainda apresenta muitas divergências e perguntas sem respostas claras. Tem origem na infância e persiste ao longo de toda a vida, aparece nos três primeiros anos de vida, acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. Apesar de ser um distúrbio do desenvolvimento recorrente, o autismo ainda é visto com surpresa. Talvez isso aconteça por apresentar uma infinidade de características peculiares e também pelo fato de que a criança autista apresenta uma aparência física totalmente normal.
Quais as características e sintomas mais comuns que identificam a síndrome do autismo?
Segundo a ASA - American Society for Autism (Associação Americana de Autismo), a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança variando em intensidade de mais severo a mais brando, não sendo obrigatório que a criança apresente necessariamente todas essas características e sintomas.
1. Dificuldade de relacionamento com outras crianças;
2. Riso inapropriado;
3. Pouco ou nenhum contato visual;
4. Não quer ser tocado;
5. Isolamento, modos arredios;
6. Gira objetos;
7. Cheira ou lambe os brinquedos, inapropriada fixação em objetos;
8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
10. Aparente insensibilidade à dor;
11. Acessos de raiva - demonstram extrema aflição sem razão aparente;
12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determina maneira os alisares);
13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal);
14. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina;
15. Age como se estivesse surdo;
16. Dificuldade de comunicação em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras;
17. Não tem real noção do perigo;
18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos;
Que aspectos especificamente são comprometidos em uma criança autista?
O autismo se configura em uma síndrome que compromete três fatores extremamente necessários ao desenvolvimento humano acarretando, assim, desvios qualitativos na comunicação – é possível encontrar crianças que não desenvolvem a linguagem verbal ou que têm dificuldades em qualquer outra forma de comunicação (expressão facial e gesticulação), e a própria linguagem verbal por vezes é repetitiva e não comunicativa; na sociabilização – dificuldade de compartilhar gostos, emoções e sentimentos, e de distinguir as pessoas; e na imaginação – apresentam pensamento, linguagem e comportamento rígidos e inflexíveis, dificuldades de aceitar mudanças (por mais simples que elas possam parecer) e, também, dificuldade nos processos criativos.
De que maneira a educação pode contribuir para o desenvolvimento cognitivo e social da criança autista?
A educação é um dos melhores recursos que pode auxiliar no desenvolvimento de uma criança autista. Na instituição educacional essa criança terá profissionais e abordagens específicas voltados para suas necessidades. O estímulo ao desenvolvimento cognitivo se dá a partir da realização de atividades baseadas em métodos de educação especializados para autistas, onde é realizada primeiramente uma avaliação para se definir os objetivos de acordo com as áreas de aprendizado. Sem contar com o fato de que o ambiente escolar proporciona o contato com outras pessoas, autista ou não, estimulando o desenvolvimento de sua capacidade de sociabilização.
De que maneira é realizada a abordagem escolar com essas crianças?
Atualmente, o enfoque das abordagens escolares é fazer com que essas crianças aprendam conceitos básicos da vida em sociedade a fim de proporcionar seu melhor funcionamento no meio social. As escolas, atualmente, priorizam o tratamento individualizado para cada criança. Dentre os modelos educacionais o mais importante, neste momento, é o método TEACCH (Treatment and Education of Autistic and related Communication Handicapped CHildren), desenvolvido pela Universidade da Carolina do Norte na década de sessenta e que tem como postulados básicos de sua filosofia:
Propiciar o desenvolvimento adequado e compatível com as potencialidades e a faixa etária do paciente;
Funcionalidade (aquisição de habilidades que tenham função prática);
Independência (desenvolvimento de capacidades que permitam maior autonomia possível);
Integração de prioridades entre família e programa, ou seja, objetivos a serem alcançados devem ser únicos e a estratégias adotadas devem ser uniformes.
Dentro desse modelo, é estabelecido um plano terapêutico individual, onde é definida uma programação diária para a criança autista. O aprendizado parte de objetos concretos e passa gradativamente para modelos representacionais e simbólicos, de acordo com as possibilidades da criança.
Como é obtido o diagnóstico de autismo?
Um diagnóstico preciso só pode ser dado por profissionais qualificados, e deve ser baseado no comportamento, anamnese (levantamento detalhado dos dados fisiológicos e patológicos pregressos do doente e seus familiares) e observação clínica do paciente. O diagnóstico é clínico e não pode ser obtido somente com a realização de testes ou escalas de avaliação. Os sistemas de avaliação mais utilizados para realizar o diagnóstico são o DSM-IV-TR e CID-10. Avaliações de ordem psicológica, fonoaudiológica e pedagógica são importantes para uma avaliação global do paciente.
Que tipo de tratamento é realizado com autistas? Ele dever ser exclusivamente médico e à base de medicamentos?
O que se propõe é que seja feito um tratamento composto por uma equipe multi- e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia, psiquiatria e odontologia) e tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico. A farmacoterapia (através da utilização de neurolépticos, anfetaminas, anti-opióides, complexos vitamínicos associados ao Aspartato de Magnésio e o uso de ácido Fólico) continua sendo componente importante em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos necessitarão utilizar medicamento.
Considerações
O que nós buscamos com o nosso trabalho foi esclarecer as questões mais básicas de ordem conceitual, educacional e clínica em relação ao autismo de uma maneira simples e objetiva. Perceber que há tratamento e acreditar no potencial de uma criança autista é permitir que ela tenha oportunidade de crescer como qualquer outra criança. Com amor, paciência e determinação, tudo é possível! Esperamos que tenham gostado.
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